Filme sugerido por Felipe Carrasco. Muito obrigado pela sugestão e espero que goste da análise. 💓💓💓
O Som do Silêncio, dirigido por Darius Marder, é um premiado filme de drama que vai muito além de uma história sobre surdez. É um filme sobre dependência, codependecência, ansiedade, relacionamento tóxico. Primeiro vamos ao filme. As atuações são fortes, as reações desesperadas às situações apresentadas com o avançar do roteiro nos quebram e devastam. Um roteiro que de início já mostra a agitada e caótica vida profissional da banda, e principalmente do casal, pra logo depois nos mostrar a quietude (sonora) consequente da surdez repentina. Nesse momento as coisas se agitam completamente e o desespero em meio ao silêncio é perturbador, pelo menos até encontrarmos um guia ou um caminho que dê alguma calma à situação conturbada. A trilha sonora, ou melhor, a falta dela é uma ótima sacada. Ouvir o mundo, ou parte dele, através do protagonista é algo genial e que nos põe na pele de uma pessoa naquela situação, da mesma forma como podemos nos ver na pele de sua companheira facilmente. A filmografia é ótima, focando em cada detalhe das atuações pra aumentar a dramaticidade dos momentos, e na segunda metade do filme, o foco na utilização de gestos e da Linguagem Americana de Sinais (ASL).
Agora vamos um pouco mais profundo. O roteiro usa como base a história de um músico que apresenta perda auditiva súbita, a partir disso, acompanhamos as consequências desta situação, como os personagens se encontram no meio disso e lidam com as escolhas tomadas entre si. O primeiro ponto que notamos é sobre o relacionamento entre os dois, que a primeiro instante parece ótimo, mas logo vemos certa toxicidade (até o momento "justificada" pela perda do personagem) num caso nítido de codependecência. Vou explicar melhor. Codependecência emocional é um transtorno onde o indivíduo vive em dependência total de outro, tudo o que vive e faz é em prol de outra pessoa, deixando de viver sua própria vida, ou melhor, fazendo da outra pessoa a sua vida. Normalmente acontece com pessoas ligadas à pessoas com vícios. No filme, vemos nitidamente um desses casos, certa personagem aguenta tudo pelo outro, mas esse outro personagem também demonstra ter total dependência emocional, os dois estão presos um ao outro, o que torna tudo ainda mais difícil. Em certo ponto, uma "solução" é dada para isso, e então notamos os motivos para essa dependência, que em sua maior parte, parece ser a ansiedade. O personagem está simplesmente tão preso em si, que parece não conseguir controlar suas ações. É interessante ver todo esse desenrolar e as dolorosas reviravoltas, e um final que acende uma fagulha de esperança, o que torna o filme ainda mais forte, já que além de tudo isso, é uma importante representatividade para as pessoas com deficiência auditiva (independente do motivo, como um personagem mesmo afirma). Recomendo demais. Certamente um dos melhores filmes que já passaram por aqui.
AVISO: Insinuações sobre suicídio e automutilação.
Sinopse: Um baterista de uma banda de rock começa a ter perda auditiva. O filme mostra as consequências disso para ele e sua companheira.
"Quer um pouco? Não recomendo. Está horrível."
"Você tem que entender uma coisa aqui."
"O preço pode variar entre US$ 40 mil e US$ 80 mil. E não são cobertos pelo seguro saúde."
"Precisa entender que sua prioridade é preservar a audição que ainda resta."
"Hoje não é um dia bom. Não consigo pensar direito."
"4 anos."
"Vou resolver essa merda. Vou resolver."
"Você se machuca. Eu me machuco também."
"Se a confiança é quebrada, há consequências."
Trailer:
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- Rhanon Guerra